segunda-feira, 29 de outubro de 2007
A Luz
Lisboa...
Normalmente cedemos ao "bairrismo" que existe dentro de nós dizendo que certa cidade ou zona do nosso pais é melhor em detrimento de outra.
Mudei-me para Lisboa, mais concretamente para Oeiras por razões profissionais, vim para cá para integrar um novo projecto na empresa onde trabalho. A principio tive muita relutância em vir para Lisboa, mas foi passando.
Cheguei cá sem conhecer práticamente a cidade já lá vão cinco meses.
Como bom curioso que sou resolvi explorar... Engraçado... Nunca tinha reparado na luz única que banha Lisboa.
Na primeira manhã, saí de casa e na A5 naquele misto de trânsito com stress matinal das 10H da manhã, olhei pelo tecto de abrir do carro e reparei que a luz que atravessava o céu, a mesma luz que embatia nas colinas da zona de Caxias, a que batia nas árvores, no mar e no alcatrão que pegajoso emanava calor devido aos 38 Graus que se faziam sentir, era uma luz única, intensa e suave ao mesmo tempo, sentia o sol, embora forte, acariciar-me a cara.
Continuei a minha viagem para Lisboa e decidi explorar a cidade.
Toda a cidade emana esta luz estranha e viciante que nos faz pedir mais.
Um calor assustadoramente acolhedor. A cidade está constantemente animada ora pelo trânsito onde vemos de tudo, pessoas que lêem, mulheres que se maquilham, homens que fazem a barba, pessoas a estudar, pessoas que cantam como se estivessem em cima de um palco. Ora pelo canto do Tejo que reflecte Lisboa de uma forma unica e calma, relazada, nua de preconceitos.
Andando em Lisboa passamos por avenidas cheias de gente, por ruas desertas, por bairros repletos de fontanários e escadas íngremes.
Passo na rua e vejo pessoas que passam por mim apressadas, não param, não contemplam, apenas correm como formigas apressadas para os seus empregos, dos empregos para casa, correm de um ponto para o outro da cidade sem trocar sequer um "Bom Dia", ou um "Olá". Quando ando pelas ruas, tenho a estranha sensação de que apesar de ter tanta gente à volta me sinto completamente sozinho, perdido no meio de tantas paredes de betão. Não falo apenas das paredes de betão dos prédios mas também dos muros de betão inquebráveis que as pessoas erguem à sua volta, não sei se para se protegerem, prencherem o mesmo vazio que também eu sinto, ou será apenas uma forma de fuga delas proprias??? Hum... Nesse caso também eu fujo de mim.... Também eu, tenho muros de betão....
À noite a cidade muda, certas zonas ficam desertas e outras ganham uma vida única repletas de luzes e sons. Pessoas passeiam nas ruas do Bairro Alto, na Marginal, passam na rua e a essa hora vê-se que as pessoas, as mesmas que passam por mim durante o dia, não têm muros, de certa forma, deitaram-nos abaixo e vão pela rua fora de sorriso estampado no rosto como se o dia não existisse...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Muros, Muralhas, Mascaras... A nossa sociedade está a transformar as pessoas. Para que isso não aconteça sugiro a todos para socializarem mais, arranjem hobbies, part-times, diversão e aventura para conseguir sair da rotina que se torna a vida.
Abraço
http://b-silva.blogspot.com/2007/09/mascaras.html
Enviar um comentário